sexta-feira, 1 de novembro de 2013

The Voice Brasil




Música, ritmo, harmonia, poderosas palavras que são capazes de fazer algo mudar dentro de nós, elas transformam nosso ânimo e mexem incrivelmente com o ser humano. Enquanto assistia à 2ª edição do The Voice Brasil, percebi que alguns candidatos, não poucos, iniciaram sua experiência musical em uma igreja.

O que motivou aqueles jovens a buscarem espaço no meio secular? Pode ter sido dinheiro, fama, sucesso ou qualquer outro fator, pouco importa. Eles foram capazes de mostrar seus talentos e ganharam seu lugar ao sol.

Esse sempre foi o objetivo, o propósito, o grande sonho, como foi o caso de Nene Oliveira, carioca de 25 anos, depois que Carlinhos Brown reconheceu o talento da jovem cristã e colocou-a em seu time.

Realmente, é incrível a quantidade de jovens cristãos que possuem um “vozeirão” e buscam o mundo para conseguirem seu espaço. Isso é muito comum nos EUA. Cantores como Elvis Presley,  Avril Lavigne, Axel Rose (Guns N’ Roses), Christina Aguilera, Katy Perry, Beyoncé, Miley Cyrus, Britney Spears, Justin Bieber, Chris Martin (Coldplay) e inúmeros outros fizeram esse êxodo.

O meio secular sempre foi o grande vilão dos evangélicos. Talvez, com certa razão, pois quantos não se desviaram depois de ter seguido por esse caminho? Contudo, será que o problema está realmente no mundo?

A resposta é simples e direta: 
Não.

Para fazer um breve contraste, podemos citar um outro fenômeno americano. Também é muito comum, nos EUA, cantores cristãos terem suas músicas tocadas em rádios seculares, inclusive, isso rende anualmente diversos prêmios a eles. Por exemplo: Jeremy Camp, um dos grandes destaques do rock cristão, teve diversas músicas suas em 1º lugar nas rádios americanas.

De cada álbum lançado por ele, pelo menos uma música alcançou o topo das mais tocadas nos EUA. No Brasil, por exemplo, cantores como Mariana Valadão, André Valadão e Ronaldo Bezerra já fizeram sucesso com a tradução de algumas músicas dele.  
  
Portanto, o problema não está no mundo. O mundo é essencialmente ele mesmo. O problema está na Igreja. Ela não é o único local onde devermos estar. É como dizem: “lugar de sal é fora do saleiro”. E é aí que está o problema: A Igreja está perdendo seu sabor, seu brilho e sua identidade de povo de Deus.

Então, em que momento da sua história a Igreja perdeu essas características verdadeiramente cristãs? Quando a Igreja passou de uma instituição SEM fins lucrativos para uma instituição COM fins lucrativos? Por que os jovens cristãos cedem com tanta facilidade aos prazeres mundanos? Será que o poder de Deus se enfraqueceu? Será que as palavras contidas na Bíblia mudaram seu sentido? 

Vivemos tempos de crise. Igrejas com Templos cheios, mas repleto de pessoas vazias. Pessoas que estão imaturas na fé, que andam como menino, falam como menino e comem como menino. Elas não se desenvolvem, não crescem, não transformam suas mentes nem renovam seu entendimento. Gente que ainda não sabe experimentar a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. Salva-se uma minoria que ainda se comporta como os Bereanos de Atos 17.

A maioria não vive a tal liberdade prometida por Jesus (Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres — Jo 8.36). As pessoas permanecem cativas na religiosidade de líderes que só buscam prosperidade e barganham, com Deus, bênçãos sem medidas. Barganhas fundamentadas, supostamente, nas palavras do próprio Deus (Fazei prova de mim — Ml 3.10). Contudo, no intuito de provar o seu Criador, o homem está reprovando a si mesmo porque ainda não entendeu manifestação da graça, não alcançou o poder libertador que ela tem.

O sistema mundano é corrupto, imoral e satânico? Sim, possivelmente, mas vivemos nele, trabalhamos nele, estudamos nele, divertimo-nos nele, enfim, não somos do mundo, mas estamos nele. Por isso as palavras de Jesus são tão coerentes: “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal — Jo 17.15”. Então, por que fugir do mundo quando, na verdade, deveríamos estar nele para mudá-lo?

Para falar a verdade, o discurso cristão ficou incoerente e vazio. O discurso se tornou incompatível com as atitudes que são tomadas. Essa incoerência é tão facilmente percebida que o vínculo que mantinha muitos nos caminhos do Senhor está se tornando cada vez mais fraco. Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos?

As pessoas mudaram sua forma de adorar a Deus. A forma de buscar a Deus mudou. Os interesses mudaram, Deus me serve porque eu determino, com fé, que assim seja — Lc 11.9,10. Poucos querem gritar Maranata! com sinceridade de coração.

Acho que finalmente compreendi o que tem feito tantos cristãos deixarem suas raízes e partirem para o mundo. Lá, as pessoas são mais coerentes, aparentemente.